DR. BACTÉRIA
Roberto Figueiredo é biomédico e consultor. É uma das principais autoridades brasileiras em saúde pública e um dos maiores especialistas em higiene de alimentos. Apresentou o quadro Dr. Bactéria, no Fantástico, programa da Rede Globo. É instrutor em cursos de pós-graduação e palestrante por todo o Brasil. Consultor da Rádio Jovem Pan, publicou 5 livros.
Mudanças Climáticas e Suas Consequências: Como Elas Podem Interferir na nossa saúde
Com o fenômeno do aquecimento global as catástrofes ambientais tornam-se cada vez mais frequentes, como secas prolongadas e chuvas torrenciais
em determinadas regiões
Episódios de estiagem severa e períodos chuvosos acima da média afetam bilhões de pessoas ao redor do mundo anualmente. No contexto brasileiro, podemos citar as recentes queimadas na região amazônica e no Pantanal. Em paralelo, tivemos recentemente as maiores cheias já registradas na história, como a que se abateu sobre todo o Estado do Rio Grande do Sul e que devastou centenas de munícipios. Destacando como exemplo as enchentes, suas consequências e como agir no intuito de prevenir doenças, traremos dicas do nosso colunista e também biomédico, Roberto Figueiredo, o “Dr. Bactéria”.
Em uma situação de calamidade provocada por uma enchente, é essencial tomar certos cuidados com a água a qual se consome, alimentos e com a higiene de um modo geral. Inúmeras enfermidades podem ser transmitidas em uma enxurrada, como a leptospirose, o tétano, a hepatite do tipo A, quadros diarreicos agudos, entre outros agravante. Também deve-se redobrar a cautela com o surgimento de animais peço nhentos, que são arrastados dos seus locais comuns pelas forças das águas. A seguir, citaremos algumas dessas doenças que são potencializadas com enchentes:
Leptospirose
Infecciosa, é transmitida a partir da exposição direta ou indireta à urina de determinados animais, como roedores (ratos) acometidos pela bactéria Leptospira; sua penetração ocorre a partir da pele com lesões, imersa por longos períodos em água contaminada ou ainda por meio de mucosas. O período de incubação, ou seja, o intervalo de tempo entre a transmissão da infecção até o início dos sinto mas, pode variar de 1 a 30 dias.
Tétano
O Tétano acidental é uma doença grave, não contagiosa, causada por uma bactéria (clos tridium tetani) que é encontrada na natureza. Ela pode estar presente na pele, fezes, terra, galhos, plantas baixas, água suja e poeira. A principal forma de prevenção do tétano é a vacinação, que é gratuita e está dispo nível em toda a rede do Sistema único de Saúde (SUS), como também a utilização de equipamentos de proteção individual (botas, luvas, capacetes etc.). A transmissão ocorre, geral mente, pela contaminação de um ferimento da pele ou mucosa. O período de incubação ocorre em média de 5 a 15 dias, mas pode variar de 3 a 21 dias.
Hepatite
Infecção que atinge o fígado, causando alterações leves, moderadas ou graves. Na maioria das vezes, não apresenta sintomas, entretanto, podem se manifestar como: cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras.
Doenças Diarreicas Agudas
São de um grupo de doenças infecciosas gastrointestinais. Caracterizadas por uma síndrome em que há ocorrência de no mínimo três episódios de diarreia aguda em 24 horas, ou seja, diminuição da consistência das fezes e aumento do número de evacuações, quadro que pode ser acompanhado de náusea, vômito, febre e dor abdominal. Em geral, são doenças autolimitadas com duração de até 14 dias
Cuidados com a água
Não consuma alimentos que tenham tido contato com a água da inundação ou lama, incluindo alimentos embalados, enlatados ou alimentos perecíveis (como frutas, legumes e ver duras. Antes de beber, é essencial adotar medidas para torná-la potável. Até sua manipulação, sempre lavar as mãos e os braços para não a contaminar. Separe um recipiente higienizado e com tampa para armazenamento. É fundamental fazer a devida filtragem e fervura da mesma.
Cuidados com os alimentos
Durante e após uma situação de emergência, é possível que os alimentos não estejam em condições adequadas para serem consumidos. Nesse momento, é importante observar e tomar alguns.
1º Qualquer alimento que tenha entrado em contato com a água de enchentes/inundações/alagamentos/lama.
2º Alimentos conservados em embalagens que não sejam à prova d’água ou vedados, como potes, garrafas, frascos de vidro, caixas longa vida, ensacados, abertos ou fechados, que tiveram contato com água da enchente, devem ser descartados.
3º Nunca experimente o alimento para determinar se ele é seguro. Em caso de dúvida, descarte-o!
Roberto Martins Figueiredo Biomédico/Microbiotécnica www.higienedosalimentos.com.br microbiotec@uol.com.br
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